ação por danos morais aberta contra seis réus, no valor de R$ 100 mil, foi motivada por um post de Facebook contra o político tucano – que Morgado nunca escreveu. O que a colocou na mira de Doria? Ter deixado uma amiga usar o wifi de casa.<br><br>O multimilionário tem à sua disposição 20 advogados do renomado escritório de direito digital Opice Blum, que monitoram o que sai sobre ele na internet, e o candidato se tornou campeão em pedidos de remoção de conteúdo. Ao ler a íntegra de três processos e confirmar a existência de um quarto, correndo em sigilo, o Intercept descobriu que os alvos não se restringem aos autores dos posts que o desagradam. Do provedor de internet da casa de uma prima até o dentista do autor de uma postagem, identificamos nove pessoas processadas por emprestarem o wifi a um conhecido, amigo ou familiar que criticou o candidato, além de duas microempresas de serviços de tecnologia.<br><br>teve, antes, que processar um peixe bem maior: o Facebook. Além de solicitarem a retirada dos posts, os advogados exigiram que a empresa quebrasse o sigilo dos administradores das duas páginas citadas nos processos para descobrir a identidade dos autores das postagens. <br><br>A rede social forneceu os dados de que dispunha, como o nome, e-mail e telefone de Saboia e de Felipe de Lima Silva, um dos alvos das ações na Justiça Eleitoral... “Após criada a conta, o responsável pode passar seu login e senha para terceiros”, argumentam em uma das ações. Por isso, defenderam ser “indispensável o fornecimento dos dados de conexão destes usuários”.<br>Foi assim que os advogados conseguiram acesso aos endereços de IP usados pelos autores dos posts para logar no Facebook. Em seguida, pediram à Justiça que intimasse os provedores de internet e companhias telefônicas a quebrar o sigilo dos donos desses IPs.<br><br>Com isso, os advogados chegaram às pessoas que nada tinham a ver com os posts – fato comprovado pelos próprios dados de conexão, que mostravam de início que os usuários estiveram logados no wifi de conhecidos em datas diferentes daquelas das postagens. Uma exceção é o caso do proprietário do apartamento de Saboia. Ela estava usando seu wi-fi ao fazer o post.<br><br>A angústia financeira é acompanhada pelo medo de retaliações – motivo pelo qual pediu que seu nome não fosse colocado na reportagem. Se antes Moraes se sentia confortável para expressar suas opiniões políticas em suas redes pessoais, hoje, ela se sente intimidada. “Por eu não ter conhecimento jurídico, fiquei muito preocupada, abalada, mesmo. De lá para cá eu me policiei mais.”<br><br> à exceção de Fernanda Saboia, nenhum dos réus tinha acesso à página em que foi feito o post. Além de três amigos pessoais de Saboia, foram processados ainda o proprietário do imóvel que a moça aluga e um técnico de informática que sequer a conhecia. Ele foi erroneamente colocado como titular de um IP da Câmara dos Deputados, de onde ela acessou sua conta de Facebook três meses antes do post.<br><br>Nenhum deles foi incluído no processo. Mas, porque usaram o wifi da Câmara para dar aquela espiadinha nas redes sociais, todos tiveram seus dados mais sensíveis vazados.
o reconhecimento facial começa a deixar o campo dos aplicativos de segurança —onde é usado para identificar bandidos ou destravar smartphones —e chegar ao ramo do varejo convencional, e a outras áreas do comércio.<br><br>Por exemplo, uma seguradora poderia comprar dados e usá-los para determinar coisas sobre a saúde de uma pessoa, o que poderia resultar em negação de cobertura.“É provável que alguns dos dados que fornecemos no passado retornem para nos incomodar”, diz Arun Ross, professor da Universidade Estadual do Michigan. “Descobriremos que oferecemos informações sobre nossas vidas que nem imaginávamos possíveis.”