Militares negam há cinco meses explicações sobre uma compra sem licitação de US$850 mil com a Cognyte Technologies Israel Ltd
Registrado como “Estrangeiro Sigiloso", maior contrato da Abin permitiria vigilância sobre alvos não investigados pela Justiça
O governo de Jair Bolsonaro comprou secretamente uma controversa e poderosa ferramenta de espionagem chamada Augury para a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. A informação é sigilosa, mas o Intercept obteve documentos internos da agência que confirmam relatos detalhados, colhidos por mais de um mês, com fontes com diferentes níveis de vínculo com a agência. Questionada, a Abin confirmou a compra e também o uso da ferramenta.
A Augury é uma plataforma que permite o rastreamento digital contínuo de cidadãos, com a captura de dados de tráfego, como cookies de sessão, detalhes da navegação e credenciais de acesso a contas em plataformas privadas –usuário e senha. Em novembro de 2022, a revelação sobre o uso da ferramenta nas Forças Armadas dos Estados Unidos foi um escândalo no mundo da espionagem. Ao Intercept, um agente da Abin afirmou que, nos corredores, a suspeita era de que havia políticos, jornalistas e até ministros do Supremo Tribunal Federal na mira do Augury.